máscara

Por que tem querer tão complicado? Estica depressa esse emaranhado de intençãorazãoemoção, que de tanto enrolado um dia a gente ainda tropeça. Queria puxar o fio, mas não sei onde começa. Nem se termina. Parece carretel, será que dá pra cortar?

– Por que a gente complica tudo?
– Se fosse fácil demais a gente entediava.

Eu queria tirar a máscara, raspar a casca, despir a fantasia e despedir a alegoria, mostrar-me logo tua de cara e alma nua. Diz a verdade: perde acaso a graça? O divertido é se perder então, nesse labirinto que a gente constrói sem minotauro nem saber. Por quê?
Tentei tirar a máscara, ver lá dentro se era ainda eu que habitava. Mas a máscara não saia.
A máscara era eu, eu era a máscara.

parece até que a gente deu um nó

Lara

precisa?

Talvez eu só precise me apaixonar. Uma paixão e um porre, faz favor. E nessa ordem, que é pra esquecer de me lembrar do que nem nunca soube. Bota na conta que eu pago depois, quando a vergonha chegar, a preguiça passar, a vontade bater ou a pinga descer. O que vier primeiro.  Ou melhor: não pago. Não pago porque é meu de direito, de esquerdo e corpo inteiro. Não pago porque também tenho direito de tomar o caminho errado; e daí se fui avisado? Quem voltava não soube ir nem rir de seu ir, e eu prefiro errar sozinho do que errar no seguir. Eu só queria a certeza de que me perdendo encontre algo que pague a pena. Mas a pressa da promessa me espera, aperto o passo e a certeza fica pra trás. Acho que só preciso de uma paixão e de um porre. Talvez eu precise é de um pare, um pito, um pé no freio, um porto. Um pulo: quem sabe eu não precise mesmo é de porra nenhuma.

Lara